A RIQUEZA DOS SOLOS: UM IMPORTANTE CAPITAL NATURAL CAPAZ DE PROPORCIONAR VIDA PARA O FUTURO DO NOSSO PLANETA
Numa primeira abordagem, os benefícios dos solos para o ecossistema poderiam ser o aumento da fixação de CO2 em cerca de 10 toneladas de dióxido de carbono por hectare por ano ou o aumento da produtividade agrícola em 5%. Apesar da transição prevista para uma economia circular, estima-se que só as sociedades humanas terão cerca de 40% do total da biomassa anual produzida pelo planeta.
É necessário apostar no aumento da biomassa activa do solo, reconhecendo os solos como um ecossistema e não apenas como um “fundo” de matéria orgânica.
Na Fertinagro Biotech propomos cultivar o solo para cultivar o futuro.
A transição para uma economia circular e renovável irá pressionar os benefícios do ecossistema que obtemos dos solos. O aumento previsto da população mundial e a utilização de novos biomateriais para substituir os derivados de recursos fósseis aumentará a quantidade de biomassa que a sociedade humana aumentará para níveis próximos de 40% do total da biomassa produzida num ano no planeta.
Este aumento deixará menos biomassa disponível para o resto dos seres vivos que habitam o planeta ou aumentará o impacto no principal capital natural envolvido no fornecimento de biomassa, que são os solos.
Os solos já estão a sofrer perdas significativas de capital natural que, segundo as últimas estimativas de degradação do solo na Europa, ascendem a quase 40.000 milhões de euros por ano. Esta é uma avaliação económica que não pode, de modo algum, ter em conta a perda de um recurso não renovável como o solo. Neste cálculo económico da degradação do solo, não tem em conta a perda significativa de biodiversidade que implica.
Uma vez que se deve ter em conta que nos 30 cm do solo mais superficial existem milhares de quilos de microrganismos (a média dos solos estudados pela Fertinagro Biotech está próxima dos 2.000 quilos de microrganismos) e uma diversidade difícil de imaginar (mais de 800 tipos diferentes, muitos deles ainda por identificar); apenas nestes 30 centímetros existe informação genética de quase 50 kg/ha de ADN. Se tivermos em conta que um humano tem cerca de 800 gramas de ADN no seu corpo, a magnitude da informação genética nos solos é elevada e indica a importância da perda que a sua degradação implica.
Cada vez que um solo é degradado perde-se uma parte significativa da biodiversidade que habita no planeta. E não podemos evitar o facto de que a biodiversidade é apenas o protagonista dos benefícios ecossistémicos, do apoio e regulação fornecidos pelos solos, entre eles os da recirculação de nutrientes e portanto da fertilidade natural; benefícios ecossistémicos como a reciclagem de nutrientes, regulação climática, purificação da água, reservatório de biodiversidade e muitos outros benefícios que estão em perigo quando exercemos pressões significativas sobre os solos que causam a sua degradação.
Com esta degradação dos solos perdemos a capacidade natural de produzir biomassa, exigindo assim mais superfície adequada à sociedade ou uma maior utilização de recursos exógenos, tais como fertilizantes e pesticidas, que proporcionam maiores impactos ambientais.
Por todas as razões acima referidas, a proposta de cultivar os solos para crescer no futuro seria uma extensão da iniciativa de 4 por mil de matéria orgânica nos solos, onde esta extensão introduz os conceitos biológicos dos solos, e não só a visão dos mesmos como um armazenamento de CO2.
Esta iniciativa procuraria indicar que o aumento da matéria orgânica dos solos sirva para aumentar de forma deliberada o ecossistema natural dos solos. Com este aumento, conseguiríamos um aumento da fertilidade natural, aumentando assim a produtividade da biomassa com menor impacto ambiental, minimizando assim a quota de biomassa apropriada pelas sociedades humanas e deixando uma maior quantidade de biomassa disponível para o resto dos seres vivos.
Para o fazer, para além da monitorização, temos que reconhecer o solo como um ecossistema e não apenas como um “fundo” de matéria orgânica. Esta abordagem dos solos deixa de lado as importantes vantagens ecossistémicas que este importante recurso natural nos poderia proporcionar e que nos permitiria criar importantes benefícios económicos, ambientais e sociais para o país.
As acções a desenvolver para garantir esta importante vantagem estratégica num país com a baixa densidade populacional por km2 que temos, devem começar com um estudo da riqueza natural que existe no subsolo. Esta informação acrescentada à informação existente de todas as zonas agroclimáticas permitiria determinar as melhores técnicas aplicáveis em cada zona climática e utilização do solo, estabelecendo desta forma a melhor forma de cultivo dos solos, para que estes cultivem a nossa biomassa.